Segundo o Ministério da Saúde, em 2019 foram notificados 17.041 casos suspeitos de alterações no crescimento e desenvolvimento, possivelmente, relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infecciosas registrados. Destes 3.332 (19,6%) foram confirmados e levavam em conta, principalmente, a existência da microcefalia. A região sudeste com 20% do total dos casos e destes 43,7% no Rio de Janeiro, em sua maioria, na Baixada Fluminense. Desde então, a saúde tem ampliado ações e pesquisas envolvendo, principalmente, os primeiros meses de vida das crianças. Em 2020, essas crianças iniciarão sua trajetória escolar na Educação Infantil e, com raras exceções, as redes de ensino, de forma intersetorial, tem propostas para atender às particularidades de desenvolvimento destes. Este projeto multidisciplinar articula pesquisadores de diferentes instituições (UFRRJ, UERJ, PUC-Rio e FIOCRUZ: Ensp e Instituto Fernandes Figueira) para desenvolver estudos e ações intersetoriais entre educação, saúde e assistência social na promoção da escolarização e do desenvolvimento de crianças com a síndrome congênita do zika vírus (SCZV) na Baixada Fluminense. Propomos dois estudos articulados entre si. O primeiro visa acompanhar e analisar os processos de escolarização de crianças com a SCZV em turmas de Educação Infantil da rede pública, a fim de compreender como a política de educação inclusiva tem se estruturado, os tipos de suportes pedagógicos e recursos tecnológicos utilizados pelos professores, assim como o desenvolvimento cognitivo desses sujeitos. O segundo estudo tem como base a metodologia da pesquisa-ação e objetiva construir, implementar e avaliar um programa piloto na Baixada Fluminense que vise educação e cuidado integrais de crianças com SCZV, a partir da análise da proposta de ações intersetoriais colaborativas estabelecidas no cotidiano de atores sociais chave da educação, saúde e serviço social. O projeto se justifica pelo ineditismo da proposta, pela metodologia e pela articulação entre educação e saúde. Nesse sentido, terá impacto científico, assim como impacto social, na medida em que poderá contribuir com a elaboração de políticas públicas e embasar programas focalizados de formação inicial e continuada dos profissionais destas áreas.