Desde 2009 por meio do Observatório de Educação Especial e Inclusão Educacional (ObEE) pesquisamos como ocorre a escolarização de alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas redes de ensino da Baixada Fluminense/RJ. Entre 2009 e 2012, com financiamento do CNPq, analisamos a implementação das políticas federais de inclusão escolar, bem como a forma pela qual o Atendimento Educacional Especializado (AEE) foi oferecido em diferentes municípios da região. Os resultados evidenciaram a adoção de diversas estratégias usadas por essas redes de ensino para enfrentar contradições e dificuldades na implementação de tais políticas, particularmente no que diz respeito a ações voltadas para alunos com deficiência intelectual e múltipla. A partir destes resultados, em 2015, iniciamos um projeto com financiamento da FAPERJ e do CNPq para analisar a escolarização e desenvolvimento de alunos com deficiência intelectual e múltipla no ensino fundamental em sete redes de ensino da Baixada Fluminense. Os resultados mostraram, entre outros aspectos, problemas de acessibilidade física, fragilidades na escolarização e falta de conhecimentos dos profissionais da educação para atuar com esses sujeitos, sobretudo, aqueles com múltiplas deficiências severas. Considerando a chegada nas redes municipais de educação da Baixada Fluminense de aproximadamente 300 crianças com múltiplas deficiências em decorrência da microcefalia causada pelo vírus zika, entendemos ser urgente analisar a dimensão educacional desse processo. Neste sentido, este projeto de pesquisa qualitativa tem dois objetivos principais: a) analisar os programas educacionais oferecidos pelas redes de ensino para receber as crianças com múltiplas deficiências em decorrência da microcefalia causada pelo vírus zika; b) acompanhar longitudinalmente o desenvolvimento dos sujeitos com múltiplas deficiências atendidos pelas redes municipais da Baixada Fluminense a fim de mapear e avaliar o impacto do vírus da zika na vida dessas pessoas. Ressaltamos que estudos em educação sobre este tema são urgentes, considerando a falta de pesquisas que possam fomentar programas de intervenção educativa e a elaboração de políticas públicas nessa área.